O governo do Reino Unido está a analisar a forma como os sectores das tecnologias da informação (TI) e da engenharia preenchem as suas vagas de emprego.
A Ministra do Interior, Yvette Cooper, encarregou o Comité Consultivo para a Migração (MAC) de analisar os empregos nos sectores das TI e da engenharia.
O MAC é um organismo público independente que aconselha o governo sobre questões de migração.
Tem sido fundamental na definição da política de imigração do Reino Unido, fornecendo análises e recomendações especializadas com base nos dados mais recentes.
A análise visa compreender por que razão estas duas indústrias dependem tanto de trabalhadores internacionais.
Explorará também se o sistema de imigração do Reino Unido precisa de ser modificado para apoiar estes sectores cruciais.
Porquê rever agora os empregos de TI e engenharia
A revisão destes sectores faz parte dos esforços mais amplos do Reino Unido para reformar o seu sistema de imigração.
O governo procura criar uma abordagem mais sustentável e equilibrada do mercado de trabalho.
Pretende satisfazer as necessidades das principais indústrias, dando prioridade ao emprego de trabalhadores nacionais e não dependendo fortemente de contratações no estrangeiro.
Para o efeito, o Governo tenciona associar as políticas de imigração ao desenvolvimento de competências.
Na sua carta ao Presidente do MAC, Professor Brian Bell, a Ministra do Interior, Yvette Cooper, reconheceu os contributos dos trabalhadores internacionais.
No entanto, sublinhou também a necessidade de um sistema controlado e gerido que sirva melhor os interesses nacionais.
“Dada a contribuição significativa destes sectores para a economia, é crucial que compreendamos a dependência dos trabalhadores internacionais”, afirmou Cooper.
Acrescenta que é igualmente importante saber “se existem barreiras que impeçam as empresas de contratar no país”.
A necessidade crescente de trabalhadores qualificados
Nos últimos anos, a procura no Reino Unido de trabalhadores qualificados nos sectores das TI e da engenharia aumentou.
Estes sectores são vitais para a economia do país, impulsionando a inovação e mantendo a vantagem competitiva do país a nível mundial.
No entanto, muitas empresas nestes domínios têm tido dificuldade em encontrar os talentos de que necessitam no Reino Unido.
Esta situação conduziu a uma maior dependência do recrutamento internacional.
O MAC foi encarregado de analisar as razões desta tendência nos sectores da informática e da engenharia.
Recolherá contributos de várias partes interessadas, incluindo empresas, peritos industriais e trabalhadores dos dois sectores.
A Comissão analisará as profissões específicas no domínio das TI e da engenharia que mais dependem de talentos estrangeiros.
Em seguida, examina os efeitos potenciais da redução da dependência de trabalhadores internacionais, incluindo a escassez de competências, e o impacto na inovação e na produtividade.
O MAC explorará os factores que determinam a escassez de competências, incluindo a formação, a remuneração e as condições de trabalho.
Analisará também a forma como estes dois sectores responderam à escassez de outras formas para além do recrutamento internacional.
Além disso, a revisão terá em conta o impacto da inclusão na Lista Salarial da Imigração e avaliará se os empregos de TI e de engenharia devem permanecer nessa lista.
O que é que acontece a seguir?
Espera-se que o MAC apresente um relatório ao governo dentro de nove meses.
Após a apresentação do relatório, o governo analisará as conclusões e decidirá sobre as alterações políticas necessárias.
Isto poderia levar a ajustamentos no sistema de imigração e a novas iniciativas para impulsionar a formação e a educação a nível nacional.
Se estas indústrias não conseguirem satisfazer as necessidades de mão de obra nacional, o governo pode flexibilizar as regras de imigração para as funções com elevada procura.
Poderá também conduzir a mais medidas de apoio à formação e à criação de uma mão de obra nacional mais sólida para os sectores das TI e da engenharia.
Por outro lado, a revisão pode concluir que estes sectores poderiam fazer mais para recrutar e formar trabalhadores domésticos.
Se assim for, o governo pode implementar políticas para encorajar ou exigir que as empresas dêem prioridade aos residentes no Reino Unido no preenchimento de vagas de emprego.
Um momento crucial para os sectores das TI e da engenharia
Ambas as indústrias estão a passar por uma rápida transformação, com os avanços tecnológicos a criarem novas oportunidades e desafios.
A capacidade de atrair e reter os melhores talentos é essencial para as empresas que procuram manter-se na vanguarda num mercado global cada vez mais competitivo.
O Brexit trouxe novos desafios, uma vez que a liberdade de circulação afecta os trabalhadores que se deslocam entre o Reino Unido e os países da UE.
Esta revisão ajudará o governo a compreender o impacto destas mudanças nos sectores das TI e da engenharia e a garantir o seu crescimento contínuo.
Entretanto, as empresas destes sectores são encorajadas a dar feedback ao MAC e a participar no processo de revisão.
Os seus conhecimentos serão preciosos para ajudar o governo a desenvolver políticas que satisfaçam as necessidades dos empregadores e dos trabalhadores.
Reduzir a imigração e reforçar a mão de obra local
O novo governo trabalhista do Reino Unido planeia reduzir o elevado número de imigrantes através da melhoria da formação de competências internas.
Ao mesmo tempo que valoriza as contribuições dos trabalhadores internacionais, o governo pretende gerir melhor a imigração, associando-a a uma política de competências.
O MAC, o novo organismo governamental Skills England e o Industrial Strategy Council trabalharão em conjunto para identificar as lacunas de competências e a escassez de mão de obra.
Estas organizações recolherão e analisarão os dados com o contributo do Department for Work and Pensions (DWP).
Reunir-se-ão regularmente, analisarão os dados e aconselharão o governo sobre a forma de abordar estas questões.
Este esforço de colaboração tem como objetivo criar uma abordagem estruturada e baseada em dados concretos para fazer face à escassez de mão de obra e de competências.