Petição contra as novas regras relativas aos rendimentos dos vistos familiares obtém assinaturas suficientes para ser debatida no Parlamento

| Julho 1, 2024
Petição contra as novas regras relativas aos rendimentos dos vistos familiares obtém assinaturas suficientes para ser debatida no Parlamento

Uma petição que pede ao Governo do Reino Unido para rever o requisito de rendimento mínimo mais elevado (MIR) para os vistos familiares ganhou o seu dia no Parlamento.

A petição oficial apresentada no sítio Web do Governo britânico obteve 101 321 assinaturas.

A petição reuniu um número suficiente de assinaturas, apesar de ter de ser encerrada mais cedo devido à proximidade das eleições nacionais de 4 de julho.

O Standard refere que o número de assinaturas excede o mínimo necessário para que o Parlamento possa debater a questão.

Esta é mais uma prova de que muitas pessoas acreditam que a nova MIR para os vistos de família é injusta e dificulta a união das famílias.

Novas regras para os rendimentos dos vistos familiares

Desde 2012, um cidadão britânico tem de ganhar pelo menos 18 600 libras por ano para trazer a sua família para o Reino Unido.

Em abril, o governo do Reino Unido aumentou o montante para 29 000 libras anuais para poder requerer um visto de família.

De acordo com a petição, a maioria dos cidadãos do Reino Unido ganha menos do que isto por ano.

“Acreditamos que esta política pune aqueles que se apaixonam por alguém de uma nacionalidade diferente”, afirma.

A nova regra relativa ao rendimento dos vistos familiares continuará a aumentar para 38 700 libras no início de 2025. O objetivo é igualar o salário anual de um trabalhador qualificado.

O Governo britânico declarou que o montante anterior já não era suficiente para sustentar uma família no Reino Unido.

O novo MIR garante que as famílias podem sustentar-se sem depender de fundos públicos.

O Ministério do Interior garantiu que as famílias podem pagar o montante através dos seus rendimentos e poupanças.

Esclareceu também que deixará de haver um elemento separado para os filhos no rendimento do visto familiar.

Isto garante que os cidadãos britânicos recebam tratamento igual ao dos trabalhadores migrantes qualificados, independentemente dos filhos apadrinhados.

Críticas e oposição às novas regras em matéria de rendimentos dos vistos familiares

A petição, que conta com um número suficiente de assinaturas para ser debatida no Parlamento Europeu, surge na sequência de um recurso interposto por um tribunal superior contra as novas regras relativas aos rendimentos dos vistos familiares.

A Reunite Families UK (RFUK) solicitou uma revisão judicial da nova política.

Argumenta que a lei viola a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, uma vez que separa as crianças dos seus pais.

A organização sem fins lucrativos afirmou também que afecta desproporcionadamente as mulheres, as minorias étnicas e os indivíduos com rendimentos mais baixos.

O Comité de Análise da Legislação Secundária da Câmara dos Lordes também manifestou preocupações quanto ao novo limiar de rendimento para os vistos familiares.

Afirmou que o novo montante poderia afetar de forma desproporcionada as pessoas das zonas com baixos rendimentos.

Por exemplo, os londrinos têm mais probabilidades de cumprir o requisito do que os do Nordeste, devido às disparidades de rendimento.

O comité sugeriu que se estabelecessem requisitos de rendimento diferentes para as várias regiões.

Lord Thomas of Cwmgiedd sublinhou a importância de avaliar exaustivamente os efeitos destes novos regulamentos.

Tal como a RFUK, a comissão afirmou que a nova política do Ministério do Interior foi adoptada sem uma análise adequada.

Outros vêem a nova regra como míope, argumentando que ignora os potenciais benefícios que as famílias trazem para o Reino Unido.

Salientam que muitos cônjuges impedidos de se juntarem aos seus parceiros possuem competências que poderiam ser valiosas para o país.

Poderá privar a nação de indivíduos talentosos que poderiam contribuir de forma positiva para a sociedade e a economia.

O caminho das petições para um debate parlamentar

Com mais de 100.000 assinaturas, a petição deveria ter sido agendada para um debate entre os deputados.

No entanto, o Parlamento encerrou quando as eleições gerais foram convocadas para 4 de julho.

Os deputados que apresentaram a petição podem já não estar em funções quando os cidadãos britânicos votarem num novo governo.

Após as eleições, os novos membros da Câmara dos Comuns nomearão novas comissões.

O novo governo decidirá se as novas regras relativas aos rendimentos dos vistos familiares serão ou não debatidas no Parlamento.

Ainda assim, a Comissão das Petições aceita normalmente realizar debates para petições com 100.000 assinaturas ou mais que não possam ser discutidas antes das eleições gerais.

As famílias, os defensores e os deputados esperam que o governo altere a regra para permitir que mais famílias fiquem juntas.

Esta situação mostra a necessidade de regras que equilibrem as preocupações financeiras com a importância de manter as famílias unidas.

Um debate parlamentar será um momento crucial para abordar estas questões e avançar para políticas de imigração mais justas.

Se for eleito, o Partido Trabalhista prometeu rever a nova regra relativa aos rendimentos dos vistos familiares.

Vai pedir ao Comité Consultivo para a Migração que investigue o impacto do aumento dos limiares salariais para trazer pessoas a cargo para o Reino Unido.